Dia desses parei para pensar nesta questão e fiquei me perguntando se eu comprava em excesso? Quando era mais nova e ainda estava na faculdade tinha, como todo universitário, falta de grana para roupas, bolsas, acessórios e tudo mais que não fosse relacionado à pesada mensalidade da faculdade e todos os penduricalhos que esta fase da vida da gente traz, como transporte, alimentação fora de casa, livros etc. Assim foi que após concluir a faculdade me vi cada vez mais consumista e comprando compulsivamente. Primeiramente para repor tudo que não tive durante os cinco anos do curso de Direito mas depois porque virou hábito mesmo.
É claro que era uma delícia abrir o guarda-roupas e encontrar tudo que eu precisava (e até o que não precisava) na hora de me vestir mas nem preciso dizer o tamanho do impacto negativo que isso teve na minha vida financeira que, naquela época, foi ao abismo. Mas depois, com isso tudo para trás e muitas lições de como usar sabiamente um cartão de crédito aprendidas hoje ainda me pego questionando se gasto mais do que devia com roupas, sapatos, maquiagens e tudo aquilo que as mulheres amam.
E depois de muito pensar descobri que essa pergunta é muito difícil mesmo de ser respondida. Trabalho com moda e embora eu não precise me vestir como uma rainha, é sempre bom usar uma roupa que esteja de acordo com o lugar que estou frequentando ou a tarefa que esteja desempenhando naquele dia ou momento, afinal, quer eu queira, quer não, as pessoas vão me julgar, afinal é isso que faço para ganhar a vida e portanto, preciso da roupa, da bolsa e do sapato ideal, sem falar na maquiagem e no cabelo que devem estar bem apresentáveis e claro, tudo isso custa dinheiro.
Pensando no meu trabalho e ainda mais que estou todo mês entrando literalmente de loja em loja no Outlet Premium SP para garimpar peças para a produção de moda que faço para a revista mensal do shopping, a tentação de comprar é realmente grande, principalmente se levar em conta que tudo lá pode estar com um preço bem amigável (nem sempre mas em muitas ocasiões os preços são bem acessíveis). De sapato a casacos incríveis é difícil sair de lá sem, pelo menos, uma compra. E como já consegui coisas boas por lá!
Enfim, mas a dúvida continua e às vezes acabo me perguntando quantos sapatos comprei naquele semestre, ou bolsas, ou calças, blusas e camisas (vestidos não porque não sou adepta deste tipo de peça), echarpes (amo) ou pulseiras ou, maquiagens? E acabo descobrindo que apesar de toda a paranoia aprendi bem minha lição do tempo pós-faculdade: só comprar peças que ainda não tenha, que não custe um valor exorbitante e que tenha excelente custo-benefício (ou seja que eu vá usar muito)! Me mantenho longe de modinhas e peças que até gosto demais mas que sei que vão virar uma praga pelas ruas – costumo não gostar deste tipo de vírus da moda que aparece em todas as vitrines e depois em todas as mulheres do planeta. Chatice? Pode até ser mas isso já me livrou de gastar reais que não devia.
E este controle que estou contando aqui tanto é verdade que a última calça jeans que comprei foi há mais de uma ano, coisa que no passado não seria possível devido ao meu consumismo compulsivo. É claro que neste meio tempo algumas peças entraram no closet por conta de lançamentos de marcas que mandaram alguns presentes etc porém, 90% do que tenho comprei, uso ao extremo e até acabar!
Mas agora que já conclui que não sou mais aquela pessoa horrível do passado tenho uma pergunta para você:
dizem que não devemos consumir em excesso por causa do planeta, da moral, que devemos nos preocupar que muita gente não tem condições de comprar e isso nos torna más pessoas, enfim, são muitos os motivos… Assim, encerro minha elocubração sobre compras mas daí a pergunta fica para você leitor: você compra o quê em excesso? Sente culpa por comprar roupas e sapatos ou acha que isso é um prazer e que se temos condições devemos mesmo aproveitar para cuidar de nossa imagem? Afinal, a primeira impressão é sempre a que fica (ou não)?