Somente uma cidade caótica como São Paulo poderia produzir algo tão singular quanto a famosa Galeria do Rock. Inaugurada em 1963, com o nome de Shopping Center Grandes Galerias, abrigou lojas de roupas convencionais, serviços e lanchonetes. No final dos anos 70 cedeu lugar a primeira loja de discos de Rock, a Baratos Afins, que se mantém funcionando até hoje, com um enorme e raro acervo de discos de vinil e cds. Nos anos 80, mais algumas lojas similares se arriscaram na galeria, mas os problemas com segurança impediam que atendessem um público maior do que os poucos roqueiros e punks, freqüentadores assíduos até então e, em algumas ocasiões, os próprios causadores dos tais problemas. No início dos anos 90, com uma melhoria da infra-estrutura, mais estabelecimentos voltados para venda de discos e CDs se instalaram no local atraindo jovens que buscavam raridades e importados impossíveis de se achar em lojas comuns, geralmente voltadas para o mercado musical mainstream e ignorando o crescimento do Heavy Metal, Hard Rock e o Rock Alterantivo entre os jovens, principalmente com a explosão do Grunge e de bandas de sucesso como o Guns’n’Roses, Metallica e Nirvana. O gênero estava em seu auge e a Galeria se tornou o ponto de encontro de um público ávido por produtos e novidades ligados a ele. No final da década de 90, das 450 lojas existentes, aproximadamente 200 eram de produtos ligados a música, tornando a Galeria do Rock a maior concentração de estabelecimentos dedicados ao rock, figurando inclusive no Guiness Book, o livro dos recordes. Curiosamente, pouca gente comenta que, nos últimos anos, devido à popularidade da música digital, pirataria e internet, o perfil do local está mudando, muitas lojas de CDs continuam lá, mesmo com a crise no setor, mas aos poucos estão se mesclando outros estabelecimentos de estilos diferentes, mas tão alternativos quanto os já existentes, como lojas de streetwear, tênis, toy art e bolsas moderninhas. Assim, a Galeria do Rock está se reinventando, tornando possível em uma só tarde, comprar um CD e um DVD de uma obscura banda de Death Metal dinamarquesa, escolher entre centenas de modelos de tênis All Star, Vans ou Zoo York, encomendar uma fantasia para cosplay (modalidade de RPG, onde além de interpretar um personagem, você se veste como tal), incrementar o guarda-roupa com camisetas das mais diversas bandas, personagens de desenhos, quadrinhos e filmes, trocar o shape do seu skate, fazer uma tatuagem, colocar um piercing, entrar para um fã clube, adquirir uma mochila ou bolsa com estampas que vão de caveiras a motivos japoneses, aumentar sua coleção de action figures e buscar entre diversas opções de bijuterias a que mais lhe agrada. Quem garante esse mix restrito ao público jovem é o síndico Antonio Souza Neto, que só permite aluguel de espaço para comércio ligado ao Rock. Outra coisa curiosa é a maneira como o underground convive com o popular e ambos se complementam: em uma mesma loja é possível encontrar sandálias Melissa e acessórios feitos de maneira quase artesanal e essa mistura faz trafegar pela Galeria um público tão diversificado, que é difícil imaginar outro lugar que se iguale, se nos anos 80 os freqüentadores eram rockeiros, hoje somam-se, góticos, skatistas, tatuadores, músicos, descolados, patricinhas e punks, para citar os identificáveis. Aos sábados o movimento nos corredores é imenso, não é raro os seguranças intervirem para que o fluxo de pessoas tenha passagem, dispersando alguns grupinhos de amigos que se distraem com a conversa e acabam bloqueando o caminho de um dos 3 andares onde se encontra mais gente. Na Galeria do Rock não há luxo, as lojas são simples e sem frescuras, geralmente você é atendido pelo dono (o que é bem positivo) e os preços, na maioria dos casos, são inacreditáveis, afinal onde mais você encontra uma promoção oferecendo 3 camisetas de boa qualidade por R$60,00? Mas antes de comprar qualquer coisa é melhor dar uma olhada se não existe o produto em outra loja, com valor mais baixo, ou em promoção, são muitas vitrines e a concorrência é grande, tão grande que dá pra passar uma tarde inteira zanzando, pesquisando e escolhendo, o difícil mesmo é voltar pra casa sem, pelo menos, uma sacolinha com alguma coisa muito diferente e bacana dentro!
Como nossa visita à Galeria do Rock foi muito proveitosa (a Condessa que o diga!) resolvemos fazer alguns artigos falando sobre ela, suas lojas e seus produtos, clique aqui para ver.
Onde encontrar:
Galeria do Rock (Shopping Grandes Galerias)
Rua 24 de Maio, 64 – Centro
CEP: 01041-000 – São Paulo, SP
Fone: 11 3337-6277
Segunda à sexta das 9:00 às 20:00h e aos sábados das 9:00 às 17:00h.
Obs: durante a semana, apesar da galeria ficar aberta até as 20:00, muitas lojas ficam abertas apenas até as 19:00.